terça-feira, 26 de julho de 2011

Roda gigante x Montanha russa

No meu quarto não entra nenhuma luz, não escuto nenhum barulho: nem mesmo as batidas do meu coração. Não enxergo nada, não só pela escuridão a minha volta, mas porque resolvi fechar os olhos e imaginar um outro mundo, uma outra vida bem melhor do que a que conheço. Minhas mãos estão frias e imóveis, sei que já não posso me agarrar em mais nada, meus pés estão cansados de tanto caminhar, é como se eu estivesse presa numa roda gigante, dando voltas e voltas sem sair do lugar. Tudo que eu conhecia, me parece estranho e inatingível, até as paredes do meu quarto me assustam ultimamente. Mas de repente abro os olhos, vejo um pouco de luz entrar pela janela, percebo que a realidade não é tão ruim, que tudo se resolve em questão de tempo: volto a escutar meu coração. Minhas mãos começam a esquentar como se eu tivesse posto luvas, não preciso me agarrar em nada, estou firme sobre meus próprios pés, que aliás nem deram tantas voltas assim. Serei então minha própria salvadora deixando de ser noite fria e solitária para virar sol quente e acolhedor, é hora de brilhar, é hora de calçar um sapato: me despedi do medo e das paredes do quarto, estou pronta para a montanha russa.

domingo, 13 de março de 2011

Reascender


Quem sabe eu perdi o controle, quem sabe seja a hora de jogar água e apagar de uma vez por todas essa fogueira que me consome, seguir em frente no escuro que a minha vai se tornar sem a luz dela, mas sem sequer pensar em olhar para trás. Não, vou ficar aqui assistindo ela se consumir por inteira e apagar até a ultima fagulha que me faz não ir embora, que me faz implorar mais do seu calor. Ou na verdade, eu não consigo ir embora, por mais que as vezes queime, por mais que as vezes seu fogo pareça uma vela acesa, eu não posso ir embora porque essa chama já faz parte de mim e apagá-la me tornaria cinzas também. Então não posso sentar aqui e esperar que eu queime no seu fogo aos poucos... Vou achar novos galhos, juntá-los e reascender essa chama, trazer de volta o brilho que me encantou desde o inicio, se é bom ou ruim já não me importa porque todos têm um vicio e quem sabe o meu seja queimar até a ultima fagulha.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vela acesa


Quem diria que a escuridão viria e agora a única coisa que vejo em minha frente é essa chama. Estava perdida, mas não pedi ajuda pelo contrário, segui com meus passos firmes porém curtos e meus olhos que tentavam achar alguma direção. E assim ela apareceu, por muito tempo fiquei admirando toda aquela luz que me iluminava e esquentava tudo ao meu redor, inclusive a mim. Quando me dei conta já era tarde demais para se afastar, o fogo que me aquecia parecia vital. Me apaixonei por uma chama, um fogo que as vezes ainda sinto queimar dentro de mim, bem devagar. Por uma fogueira que dá tudo de si e no final tudo que resta são cinzas, por uma vela acesa que com uma simples brisa some, e tudo que resta é apenas aquela cera derretida fria e inútil. Não importa o quanto queime, eu alimentaria essa chama por mais que ardesse, o brilho desse fogo me atrai, me enfeitiça e de repente já nem sinto mais queimar, ou simplesmente tudo que eu quero, sem me importar, é queimar no seu fogo.