Em um lugar distante, morava uma menininha de cabelo longos e castanhos que não acreditava em anjos de maneira nenhuma, enquanto sentava no muro na frente da sua casa, reparava nas árvores, no modo como algumas podiam quase tocar o céu e pensava sozinha:
Como alguém pode viver apenas para me proteger? Para me guiar? Para me fazer acreditar que o impossível não existe?
Ninguém pode querer se importar tanto assim com alguém.
Um dia então enquanto brincava distraída pela frente de casa, um homem nem tão alto, nem tão baixo, com o sorriso mais bonito que já viu na sua vida, se aproximou e desde então não saiu mais de perto da menininha que se deslumbrou após vê-lo com um olhar tão simples e sincero. Com ajuda do homem ela conseguiu escalar as árvores grandes e quando chegava no topo não sentia mais medo de cair, esticava os braços e acreditava que havia conseguido tocar um pedaço do céu, aprendeu a dormir no escuro porque sabia que ele estava lá protegendo-a dos monstros, afastando seus pesadelos, passou acreditar em si mesma e que seus sonhos podiam ser realizados, bastava acreditar.
As folhas das árvores haviam secado, caído e depois crescido mais verdes e assim seguiu por muito tempo, enquanto o homem de sorriso bonito a guiou, porém ele não podia a guiar para sempre, a menininha já teria aprendido tudo que precisava para seguir sozinha, mas sabia que seria doloroso seguir sem o olhar simples e sincero do homem.
Então o homem confessou um segredo a menininha, disse que era um anjo, o seu anjo, a menina não se surpreendeu respondeu tranquila que sabia, que só mesmo um anjo podia ajuda-la a tocar o céu. O que a deixava-a triste é que também sabia que ele teria que partir, pois os anjos são assim, nós fazem acreditar neles, em nós e no impossível, depois é a nossa vez de manter isso. O homem-anjo sorriu por ver que a menininha teria aprendido mais do que ele havia ensinado, lhe deu um abraço e não teve nenhum adeus, pois ele ainda olharia por ela onde quer que ela fosse, enfim deu seu par de asas que havia escondido, agora era a vez da menininha voar.